sexta-feira, 13 de junho de 2014

Chão de Estrelas - Jair Rodrigues (1966)

Minha vida era um palco iluminado
Eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões

Cheio dos risos falsos da alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações

Meu barracão lá no morro do salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou

E quando do sol a claridade
Forra meu barracão, sinto saudade
Da mulher, pomba-rôla que voou

Nossas roupas comuns, dependuradas
Na corda qual bandeiras agitadas
Pareciam um estranho festival

Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional

A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua furando nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão

Tu pisavas nos astros destraída
Sem saber que a aventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão

Orestes Barbosa / Silvio Caldas




1966 - O Sorriso do Jair

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