Minha vida era um palco iluminado
Eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões
Cheio dos risos falsos da alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações
Meu barracão lá no morro do salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou
E quando do sol a claridade
Forra meu barracão, sinto saudade
Da mulher, pomba-rôla que voou
Nossas roupas comuns, dependuradas
Na corda qual bandeiras agitadas
Pareciam um estranho festival
Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional
A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua furando nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
Tu pisavas nos astros destraída
Sem saber que a aventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão
Orestes Barbosa / Silvio Caldas
1966 - O Sorriso do Jair
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